João Ubaldo




Imagem: site Diário do Centro do Mundo


João Ubaldo  Ribeiro em  mil leituras... 
Lourdes de Fátima Santos Pinto
João  Ubaldo Ribeiro   com sua escrita  universal e ao mesmo tempo com traços  identitários  de um mundo persistente,  um mundo  sertanejo e universal em sua dor e em seu próprio estranhamento, inscreve-se  na tradição literária ocidental como um dos grandes  nomes da Literatura Brasileira.
 Sargento Getúlio  é um dos romances mais  expressivo de João Ubaldo, por sua linguagem e pela abordagem de um tema recorrente na literatura nacional.
Na narrativa Sargento Getúlio, como  um Dom Quixote às avessas  segue o  Jagunço Getúlio  por  caminhos  fugitivos, carrega em si  um mundo que desmorrona, um mundo  que foge de seus olhos, mas cresce em cheiros, em mortes  e em crenças como o único  mundo possível.    Nada   mais contundente  e complexo   do que o romance    Sargento Gétulio  com  sua  narrativa desenvolvida numa linguagem própria,    através de um longo monólogo  volta e meia interrrompido  por  esparsos  diálogos que introduzem  a  alteridade de um mundo  incompreensivel . 

Eu sumir, eu sumir? Como que eu posso sumir, se primeiro eu sou eu e fico aí me vendo sempre, não posso sumir de mim e eu estando aí sempre estou, nunca que eu posso sumir. Quem some é os outros, a gente nunca. (...) Depois o chefe me mandou buscar isso aí, e eu fui, peguei, truxe, amansei, e vou levar mesmo porque que o chefe agora não possa me sustentar, eu levei o homem, chego lá entrego. Entrego e digo: ordem cumprida. Depois o resto se agüenta-se como for, mas a entrega já foi feita, não sou homem de parar no meio.  (…)

Corro, berro, atiro melhor e sangro melhor e luto melhor e brigo melhor e bato melhor e tenho catorze balas no corpo e corto cabeça e mato qualquer coisa e ninguém me mata. E não tenho medo de alma, não tenho medo de papafigo, não tenho medo de lobisomem, não tenho medo de escuridão, não tenho medo de inferno, não tenho medo de zorra de peste nenhuma.
In  Sargento Getúlio -Ubaldo, João

Enfim Sargento Gétulio,  esse  Dom Quixote de João Ubaldo    desembarcado  no pós moderno, segue de si  aprisionado. Recusando-se a afastar-se  de seu  mundo, cumpre a sina e a ordem –levar  o prisioneiro como a marca  de sua obediência  e destino  - numa  viagem   do sertão para o litoral  ….
O  jagunço  Sargento  Gétulio só tem seu  próprio mundo  como  norte e  fim...
  

Bibliografia
Romances
Setembro não Tem Sentido. Rio de Janeiro: José Álvaro Editor, 1968. 2.a ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987. 3.a ed., 1997.Ed.: Objetiva,2007.
Sargento Getúlio. Rio de Janeiro: Artenova, 1971. 2.a ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.  (Publicado pelo Círculo do Livro, seguido de Vencecavalo e o Outro Povo, em 1980.) 5.a ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. Ed.:Objetiva,2007.
Vila Real. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979. 2.a ed., 1991.Ed.:Objetiva,2007.
Viva o Povo Brasileiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. 15.a ed.,1997.Ed.:  Objetiva,2007.
O Sorriso do Lagarto (romance). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. 4.a ed., 1998.Ed.: Objetiva,2007.
O Feitiço da Ilha do Pavão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 2.a ed., 1998.Ed.: Objetiva,2007.
A Casa dos Budas Ditosos. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1999. (Série Plenos Pecados, 4º vol.).
Miséria e Grandeza do amor de Benedita..Ed.: Nova Fronteira,2000.
Diário do Farol. Ed.: Nova Fronteira,2002.
O Albatroz Azul. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira,2009.
Contos
Lugar e Circusntância. Conto para participar da antologia : "Panorama do Conto Baiano". Publicação: Imprensa Oficial da Bahia,1959.
Josefina, Decalião e O Campeão. Escreve três contos para participara da coletânea de contos " Reunião". Publicação: Universidade Federal da Bahia.
Vencecavalo e o Outro Povo. São Paulo: Artenova, 1974. 2.a ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. Ed.: Objetiva, 2007.
Livro de Histórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. Reeditado, com dois contos incluídos, sob o título Já podeis da Pátria Filhos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. 4.a ed., 1997. Ed.: Objetiva, 2007.
Contos e Crônicas para Ler na Escola. Ed.: Objetiva, 2010.
Crônicas
Sempre aos Domingos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. 2.a ed., 1997. Ed.: Objetiva, 2007.
Um Brasileiro em Berlim (crônicas originalmente publicadas no Frankfurter Rundschau e em livro, na Alemanha). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. 4.a ed., 1998.Ed.: Objetiva, 2007.
Arte e Ciência de Roubar Galinhas (coletânea de textos publicados na imprensa). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
O conselheiro Come. Ed.: Nova Fronteira, 2000.
A gente se acostuma a Tudo. Ed.: Nova Fronteira, 2006.
O Rei da Noite. Ed.: Objetiva, 2008.
Ensaio
Política: Quem Manda, Por que Manda, Como Manda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. Ed.Objetiva, 2007.
Literatura infanto-juvenil
Vida e Paixão de Pandonar, o Cruel. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. Ed.Objetiva, 2007.
A Vingança de Charles Tiburone. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. Ed.: Objetiva,2007.
 

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